Tony Almeida reviewed Pela Estrada Fora by Jack Kerouac
"Read some Kerouac and it put me on the tracks"
3 stars
“Read some Kerouac and it put me on the tracks / To burn a little brighter now”. Esta é a frase de abertura da música “Torch Song” dos Marillion, talvez uma dos temas mais melancólicos e angustiantes interpretada por esta banda originária de Aylesbury, sobre querer levar a vida ao extremo, mesmo que isto signifique uma morte prematura, visto por muitos como um percurso de autodestruição.
O Kerouac referido na letra desta música é obviamente Jack Kerouac, o escritor norte-americano do século XX reconhecido como um dos percursores do movimento cultural literário nascido no pós-guerra conhecido por “Beat generation”. Este movimento via o uso da música, drogas e álcool como meios para uma libertação e purificação pessoal, rejeitando qualquer materialismo económico. O livro “Pela Estrada Fora” (“On the Road”) é considerado precisamente uma das obras que definiram este movimento.
Nunca tendo lido nada do Kerouac ou de outro autor associado …
“Read some Kerouac and it put me on the tracks / To burn a little brighter now”. Esta é a frase de abertura da música “Torch Song” dos Marillion, talvez uma dos temas mais melancólicos e angustiantes interpretada por esta banda originária de Aylesbury, sobre querer levar a vida ao extremo, mesmo que isto signifique uma morte prematura, visto por muitos como um percurso de autodestruição.
O Kerouac referido na letra desta música é obviamente Jack Kerouac, o escritor norte-americano do século XX reconhecido como um dos percursores do movimento cultural literário nascido no pós-guerra conhecido por “Beat generation”. Este movimento via o uso da música, drogas e álcool como meios para uma libertação e purificação pessoal, rejeitando qualquer materialismo económico. O livro “Pela Estrada Fora” (“On the Road”) é considerado precisamente uma das obras que definiram este movimento.
Nunca tendo lido nada do Kerouac ou de outro autor associado a este movimento (“Naked Lunch, do William S. Burroughs está na minha estante à espera de uma oportunidade), e sendo fã dos Marillion, há algum tempo que alimentada a vontade de ler “some Kerouac”, a começar precisamente pela sua obra basilar.
Este livro descreve as viagens do narrador Sal Paradise e os seus amigos através dos Estados Unidos e, na sua última parte, ao México. Na verdade, trata-se de um roman à clef, uma vez que os protagonistas são, na verdade, o Jack Karouac (Sal), Neal Cassady (Dean), William S. Burroughs Old Bull Lee), e Allen Ginsberg (Carlo). Só muito recentemente soube (na verdade enquanto lia este livro, e na procura de ter uma dimensão mais abrangente do que estava a ler) que, no âmbito do 50.º aniversário da publicação do “Pela Estrada Fora”, foi publicado o manuscrito original, escrito na forma de rolo contínuo. Neste texto original, são usados os nomes verdadeiros dos intervenientes e, segundo parece, o texto é mais cru e explícito.
O livro acaba por ser isso mesmo, um registo das viagens e de todos os seus percalços. Como, na ânsia de proporcionar uma experiência libertadora ao corpo, se procura um desprendimento material, apenas interessando viver a vida, num misto de jazz, sexo e álcool. Voltando ao “Torch Song”, durante a ponte da música, há um diálogo entre um médico (Dr. Finlay) e o narrador (Torch):
Dr. Finlay: “And my advice is if you maintain this lifestyle you won't reach 30"
Torch: “Christ - it's a romantic way to go really, it's part of the heritage, it's your round i'n'it?”
Podemos não nos identificar com a forma do livro, mas sempre somos levados a pensar o que queremos de facto da vida.